Gosto dos venenos mais lentos

Todos sabem que sou o gêmeos mais bonito, portanto não importa se Cerguloso é o mais forte, ele usa muito os braços quando está sozinho, se é que me entende. Abri um sorriso largo e branco para Astrea, pois se não é na força, que seja no charme. Peguei o martelo da mão do Cerg e parei pensativo olhando por toda a extensão daquele jogo, era enorme e tive certeza que a piscina era muito mais divertida. Ambika segurava o braço de modo suspeito, o que me fez imaginar que ela torceu enquanto martelava__ Pelos poderes de Cernunnos... Euuuu tenho a força!__E martelei o pino, me desequilibrando para trás, logo subindo os olhos para ver quanto consegui. Estiquei o martelo para o próximo e olhei para o salão, eu precisaria ir lá uma hora, com mamãe ou sem mamãe, mas antes__ Piscina!__ Apontei para o jogo e dei um pulo girando no alto, dobrando os joelhos em um rebolado dançante, no ritmo da musica, divertidamente.

Os minutos aparentavam se arrastar lentamente enquanto um a um, os educandos de Ilvermorny tomavam a frente da fila e tentavam a sorte no jogo. Eu estava prestes a desistir de esperar a minha vez para participar daquela brincadeira que exigia um mínimo grau de força física - mesmo ciente que acabaria passando vergonha devido meu porte nada atlético. Bernard, também impaciente, entrelaçou os nossos dedos em um aperto firme e praticamente me arrastou até o início do aglomerado de pessoas, ignorando o protesto e os xingamentos dos alunos que aguardavam, assim como nós, pela oportunidade de participar.

— Céus! Vamos acabar apanhando se continuarmos dessa maneira — embora desgostasse da ideia de passar à frente na maior cara de pau, não poderia negar o alívio por não ter que esperar tanto. O responsável pela competição, todavia, aparentava não compartilhar da mesma linha de raciocínio, advertindo Bernard sobre a sua atitude.

— Cala a boca. Você tem que me agradecer por adiantar o nosso lado — meu amigo mostrou a língua, exibindo trejeitos infantis. Segurei um sorrisinho que ameaçou escapulir dos meus lábios, vendo-o arrancar o martelo das mãos de um rapaz que transparecia ser bem mais velho, talvez um ou dois anos. — Eu serei o primeiro, tá? — questionou, não esperando por uma resposta.

Com toda a força que detinha, Bernard arremessou a parte achatada do martelo contra a base do marcador. As luzes piscaram freneticamente em resposta a tentativa do garoto, no entanto, não atingindo a pontuação máxima que ele tanto desejava.

— Você foi bem! — busquei animá-lo, afinal, estávamos ali apenas por diversão - ou ao menos era o que eu pensava. Meus dedos envolveram a empunhadura do martelo no momento em que ele me foi passada a ferramenta, e me estabilizei defronte o marcador. — Por favor, não tire sarro da minha cara — o robusto objeto era mais pesado do que eu poderia imaginar. Tive de fazer um esforço enorme somente para tentar erguê-lo, arfando. Eu realmente era um verdadeiro fracote.

Baixei o martelo contra o local alvo, acabando por deixá-lo escapulir das minhas mãos, fazendo-o rodopiar por sobre a minha cabeça e atingir a base. Constrangido, rezei para que a minha pontuação, no fim das contas, não fosse tão ruim.