Aquele vai-e-vem já havia me esgotado! Saturada, saí as pressas da piscina para o brinquedo que eu, francamente, já não sabia se classifico em termos de sorte ou de força. Na dúvida marquei como dois numa ligeira nota mental enquanto esperava na fila.

O tempo dessa vez não mostrou-me a mesma face gentil de antes, mas o lado oposto de sua máscara ambígua: o carrasco, inspirando os batuques suscetivos que a sola de meu pé ensaiava sobre o terreno afofado em que a fila se situava.

Ao chegar ao extremo correto da fila eu agora tinha uma expressão mais leve no rosto. Até mesmo aquele vinco em minha testa e o sorriso afetado desenhado por puro estresse sumiram e deram espaço a uma legítima leveza suntuosa. Segurei a marreta com toda a pompa, virei o corpo pondo-me de lado em relação ao pino com a perna direita estendida um pouco a frente com alguns centímetros de distância separando-a de minha esquerda, de modo que favorecesse meu equilíbrio. Ameacei algumas vezes bater, de forma bem similar a alguém que pacientemente calcula sua tacada num jogo de golfe.

Como uma jogadora veterana depois de todos aqueles dias que serviram de treinamento assenti ao emprego de força moderada sobre o pino e em conseguinte fixei os olhos no Pássaro Trovão que se elevaria em razão do valor obtido.

Logo após peguei a quantidade de tickets correspondentes e dei às costas, me retirando ainda com o mesmo rebolado do início da festa.

Porque a pose, meu bem, é minha melhor amiga - a despeito da sorte!