— Desafio aceito!

Na verdade eu tenho certeza que meu irmão já sabia disso. Veja bem, a gente se entendia por meio de sinais mais variados! Temos esses códigos que são muito úteis quando nossos pais, nossos tios ou qualquer adulto Marvenwood está por perto. Aquela tosse específica que indica que é hora de apagar o cigarro, de abotoar a camisa....

E...

— Ah, maninho, não foi tão bom assim! - Caçoei, embora intimamente eu admitisse que a batida dele havia lhe rendido mais pontos do que eu imaginava!

Me adiantei para tentar a minha sorte, porém ao ver Veda, nossa irmã mais nova, se aproximar, fiz uma reverência exagerada dando a vez à ela - se por cavalheirismo, pela piada ou pelos dois, nem eu sei!

Fiquei ali atrás dela, sobre seu ombro - tomando cuidado, é claro, para não ficar na reta do martelo - e atazanando ela ao pé do ouvido dizendo coisas como

— Nah. Tá muito baixo. Poxa, agora cê ergueu demais!

E quando ela se distraiu e disse

— Ma-mãe? - Eu só fiz tossir como se estivesse tendo um ataque para prevenir meu irmão, Nunos e Bika de que a barra tava mais suja que os cabelos da tia Elya.

Minha mãe veio me amparar me alertando sobre os inúmeros riscos que eu corria me misturando em meio àqueles mestiços, nascidos-trouxas, meio-humanos e o resto das escórias, e acho que a distraí tempo o suficiente para limpar a barra de minha irmãzinha que mostrou suas canelas finas e meu irmão e prima que estavam imitando uma chaminé há bem pouco tempo atrás.

Depois de uma breve argumentação - que não inclui o preciso jogar porque fui desafiado por meu irmão gêmeo! - do porque ela deveria me deixar jogar aquele joguinho ali mesmo depois de minha crise ~ fictícia ~, finalmente me ajeitei no lugar, vislumbrei maravilhado as nuvens escuras que enfeitavam aquele brinquedo aos lados e com pequenos raios e sons do animal  que dava nome ao jogo e, por fim, ergui o martelo o máximo que podia e desferi o golpe no pino com o máximo de força possível.

Me afastei pouco depois do resultado, procurando por Nunos, Veda e Bika e, ao encontrá-los, ergui a destra até meus cabelos desgrenhados num ato de ensaiada prepotência.

— Eu sei, eu sei. Vocês me devem suas vidinhas medíocres, mas não precisam pagar! Só porquê sou legal! - E sorri, olhando pra Nunos e Bika. - Pensando bem, eu aceito um cigarro como forma de pagamento. Os meus acabaram.

Cocei a nuca com ar risonho.